Corrupção no governo Bolsonaro: militares e centrão protagonizam suspeitas

Do forte discurso anti-corrupção ao enfraquecimento da Lava Jato e da investigação contra aliados, com o ‘aliciamento’ do centro das apurações, o governo Bolsonaro tem, até agora, o Centrão e os militares no foco das suspeitas de corrupção, duas bases de sustentação do presidente Jair Bolsonaro .

Se meses atrás o grupo de congressistas que costuma ser base de todo governo, o Centrão, era o alvo favorito de Bolsonaro e os bolsonaristas, hoje é ele quem impede a abertura de processos de impeachment e ainda garante que o presidente tenha força política, podendo, por exemplo, citar repetidamente uma suposta fraude eleitoral provocada pelas urnas eletrônicas, jamais provada. O voto auditável, sonho de Bolsonaro, pode até vigorar, ainda que especialistas no assunto rechacem a necessidade, defendam a segurança do voto pela urna eletrônica e ainda apontem um retrocesso no processo eleitoral.

Mas, pelo que mostram as investigações sobre as supostas irregularidades na compra de vacinas, governo e Centrão não estiveram sozinhos sob as possíveis ilegalidades: os militares estariam diretamente envolvidos nos escândalos. Em cada processo de importação de vacina há sua participação, já que, no ano passado, diante da pandemia, os indicados políticos para garantir a sobrevida do governo Bolsonaro foram os representantes das Forças Armadas, aliados numerosos do bolsonarismo desde antes da eleição presidencial de 2018.

A dupla Centrão-Exército se concentra no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, coincidentemente ou não onde as principais suspeitas de irregularidades e um histórico de loteamento e denúncias de fraudes estão. O ciclo de suspeitas vem pelo menos desde o governo de Michel Temer, quando o setor passou a ser controlado por um dos principais partidos do Centrão, o Progressistas [antigo PP, de Maluf e tantos outros], do senador Ciro Nogueira (PI) e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR), que seria o principal envolvido no  escândalo da Covaxin e pode implicar Bolsonaro por prevaricação .

Os três diretores que passaram pelo departamento do Ministério da Saúde acumulam denúncias de corrupção e mau uso de dinheiro público. Dois deles foram reaproveitados pelo governo Bolsonaro, tendo direito a uma “segunda chance” em outro lugar.

Créditos: Portal IG