Estudo da Fiocruz mostra municípios do AM em piores colocações

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estuda um novo indicador de desigualdade no Brasil, o Índice Brasileiro de Privação (IBP), que será lançado pelo instituto na semana que vem.

De acordo com a pesquisa, foi possível elaborar uma espécie de ranking de qualidade de vida das cidades do país.

A partir da análise, o Amazonas aparece entre as dez piores colocações. Dessa forma, Ipixuna, Itamarati e Atalaia do Norte são os três municípios destacados no estudo.

O IBP funciona como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, mas focado em analisar a desigualdade em pequenas áreas.

“Isso é importante porque existe uma lacuna no Brasil de uma medida que olhe com mais cuidado a esses locais”, disse Maria Ichihara, da Fiocruz.

Segundo a pesquisadora, o próprio IDH mede a desigualdade no Brasil a nível municipal, mas não chega no setor censitário, pegando bairros e pequenas regiões.

Conforme Ichihara, o país não tem um indicador que focalize a análise da desigualdade em pequenas áreas.

Elaboração

Com dados do último Censo, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fiocruz agregou três áreas para a elaboração do ranking: educação, renda e condições de moradia da população, como saneamento. E, entre as 1.000 melhores cidades brasileiras em IBP, apenas 4 são do eixo Norte-Nordeste.

A cidade de São Vendelino, no Rio Grande do Sul, foi eleita a primeira colocada. Do mesmo modo, o top-10 tem mais sete cidades da região Sul.

As outras duas cidades entre as dez primeiras colocadas são de São Paulo: São Caetano do Sul (3ª) e Águas de São Pedro (5ª).

No entanto, a região Nordeste só tem uma cidade na lista na 641ª colocação do ranking: a ilha paradisíaca de Fernando de Noronha, em Pernambuco.

O Norte, por sua vez, só tem um representante entre os mil primeiros lugares. É a capital do Tocantins, Palmas, no 755º posto.

Já o Centro-Oeste tem como melhor cidade Goiânia, capital de Goiás, na 274ª colocação. Brasília, capital federal, está logo atrás, em 283º.

Entre as capitais estaduais, a melhor colocada é Curitiba, em 20º. Logo depois vem Florianópolis, em 34º. Porto Alegre está em 63º lugar.

São Paulo é a número 225 do ranking. O município do Rio de Janeiro aparece melhor, em 205º. Dessa forma, o estado carioca tem como seu melhor representante a cidade de Niterói ( 85º lugar).

Por outro lado, entre as dez piores colocações estão dez municípios do Norte-Norteste, sendo três no Maranhão (Belágua, Marajá do Sena e Fernando Falcão), três no Amazonas (Ipixuna, Itamarati e Atalaia do Norte), um no Pará (Melgaço), um no Piauí (Massapê do Piauí), um na Bahia (Pedro Alexandre) e um em Alagoas (Traipu).

Financiamento

Para realizar o estudo, os pesquisadores contaram com apoio e financiamento da Universidade de Glasgow, que tem tradição em medir desigualdades sociais.

Assim, a Fiocruz define o índice como a primeira medida de privação capaz de classificar os diferentes territórios brasileiros em nível de setores censitários.

O IBP foi calculado tendo por base indicadores de privação nos domínios de renda, escolaridade e condições de domicílio.

O instituto destaca ainda que o índice permite mensurar as desigualdades sociais no Brasil e auxiliar autoridades, pesquisadores e cidadãos na avaliação de políticas públicas.

Segundo a Fiocruz, o IBP consegue capturar a privação de toda população, tem ampla cobertura e permite correlação com outros indicadores socioeconômicos.

O painel vai estar disponível para acesso no website Cidacs/Fiocruz Bahia a partir do próximo dia 10 de dezembro.

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Créditos: BNC Amazonas