Jornal Nacional revela que furto de energia no Amazonas supera o faturamento das ligações regulares

O Jornal Nacional, da TV Globo, apresentou ontem à noite uma extensa reportagem sobre os casos de furto de energia elétrica, popularmente conhecidos como “gatos”. De acordo com dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, baseados em informações da Aneel, constatou-se que em 2022, 14% da energia distribuída no país foi furtada ou desviada, resultando em um prejuízo de quase R$ 7,7 bilhões. Essa quantidade de energia seria suficiente para abastecer os estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo durante todo o ano.

Proporcionalmente, a região Norte é a que registra as maiores perdas. No Amazonas, ainda segundo o Jornal Nacional, os desvios na rede elétrica ultrapassam os 100%, ou seja, a quantidade de energia furtada é maior do que o faturamento proveniente das ligações regulares.

“Apesar dos esforços realizados pelas distribuidoras no combate ao furto de energia, essa prática continua existindo e cada vez mais pessoas estão se envolvendo nesse tipo de crime”, afirma Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.

O furto de energia acarreta prejuízos de diversas maneiras. Primeiramente, afeta diretamente o bolso do consumidor, uma vez que, em média, 10% das perdas são repassadas para a conta de luz. Além disso, há um custo ambiental significativo, já que os recursos destinados para cobrir esses desperdícios poderiam estar sendo investidos em fontes de energia renovável. Por fim, há o risco de prejudicar o fornecimento de energia em regiões inteiras.

“Podemos vivenciar quedas de energia e até mesmo ocorrências de alta tensão. Isso pode resultar em danos aos equipamentos dos consumidores, além de representar um risco real para a vida das pessoas. Estamos tratando de energia, algo que, querendo ou não, coloca em perigo a vida das pessoas”, explica Helder Almeida, mestre em Engenharia de Energia.

Nos casos em que as perdas superam 10%, quem arca com os prejuízos é a concessionária de energia. A Light, por exemplo, que fornece eletricidade para 31 municípios do estado do Rio de Janeiro, entrou com um pedido de recuperação judicial. A empresa informou que possui dívidas estimadas em quase R$ 11 bilhões, sendo o furto de energia um dos problemas mais graves enfrentados.

“É necessário que a sociedade entenda que o roubo de energia é prejudicial para todos. Muitas vezes, a pessoa que realiza o desvio de energia é vista como esperta, mas na verdade está trazendo prejuízos para os demais consumidores”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica.

A Amazonas Energia declarou ter apresentado um plano de combate ao furto de energia à Aneel.